sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O preconceito linguístico atrapalha o seu aprendizado de línguas - inclusive do Português


Alguém já achou estranho quando você usou a palavra “beiju” em vez de “tapioca” ou quando chamou “curau” de “canjica”? Ou te olharam torto quando você usou uma palavra diferente da esperada para se referir a algo que elas conheciam? (Leia de novo, se ficou confuso, hehe). Bom, achar estranho é uma coisa bem normal. Mas você já foi discriminado ou repreendido por conta disso? Já falaram pra você: “O jeito que você fala é errado.”, “Aqui a gente fala é assim e pronto!” ou coisas do tipo?

Imagem: blog

Preste atenção nos dois trechos abaixo:
1 - “Queria fazer um beiju, mas não tem goma. Vai lá na quitanda comprar um quilo. Aproveita e traz um bicho pra acender o fogo. Como é o nome, mesmo? Lembrei. Isqueiro.”
2 - “Queria fazer uma tapioca, mas não tem polvilho. Vai lá no mercado comprar um quilo. Aproveita e traz um trem pra acender o fogo. Como é o nome, mesmo? Lembrei. Isqueiro.”
       Você sabia que nos dois as palavras destacadas têm o mesmo significado? A diferença está apenas na região ou o local onde cada uma delas é falada. 

E uma outra "língua" falada no nordeste, o Piauiês, você já conhece? Veja um exemplo dela aí embaixo:


Imagem: blog Cartunage

O fato de se usar uma palavra diferente tem um nome: variação linguística e acontece em TODAS as línguas faladas no mundo inteiro. Já a discriminação é chamada preconceito linguístico. (Leia mais sobre cada um clicando nos nomes) 

Mas você deve estar se perguntando por que eu resolvi falar sobre esse assunto. Bom, recentemente voltei à minha cidade natal, Teresina, no Piauí e notei a quantidade de palavras e expressões características daquela região que são diferentes em relação às do local onde moro atualmente, Brasília, no DF. Isso me fez atentar para esse fenômeno, o preconceito linguístico - que acontece constantemente, e na maioria das vezes, por falta de conhecimento.

Mas o ponto em que quero chegar é o fato de que nós – principalmente os brasileiros – levamos esse preconceito para a aprendizagem de línguas estrangeiras. Tendemos a achar que somente a forma que aprendemos na sala de aula – e muitas vezes a forma daquele professor específico – é a forma correta de se falar um idioma. Não nos damos conta de que, assim como há variação no nosso idioma – principalmente no Brasil, que é tão grande, que às vezes parece que o gaúcho não fala a mesma língua do baiano, por exemplo – o mesmo logicamente ocorrerá em qualquer outra língua que formos aprender. 

Veja por exemplo as expressões em inglês “How are you? How do you do? How are you doing? e What’s up?”. Todas elas significam basicamente a mesma coisa. O uso de cada uma vai depender do contexto e local em que se esteja inserido. O que dizer então sobre o português brasileiro e o português de Portugal? E será que o inglês falado na Inglaterra é diferente daquele falado nos EUA apenas na pronúncia? Claro que não!

Para ver mais sobre esse fenômeno, assista o vídeo abaixo, que ilustra perfeitamente o que acabei de dizer sobre a variação linguística. O vídeo é em espanhol, mas tenho certeza que dá pra entender. Dá o play aí e depois lê o restante!



E aí, deu pra entender o que eu queria dizer? Então fica a última mensagem para você que quer aprender idiomas, seja a sua língua materna (ah, claro, por que nunca conhecemos totalmente a nossa primeira língua) ou estrangeira: “Think outside the box!”, estude-a com a mente aberta, sem preconceitos, fugindo do lugar-comum. Leia bastante; procure diferentes fontes como internet, filmes e seriados de TV, etc; comunique-se com falantes nativos da sua língua-alvo – de diferentes regiões do país, se possível. E a dica mais importante: se tiver chance, viaje para um país – ou mais de um - que fala a língua que você está aprendendo. E não se esqueça: pratique a tolerância e o respeito às diferenças. 

Deixe um comentário com sua opinião e bons estudos! Um grande abraço do Kmaliaum!